O ano de 2022 pode ser considerado um dos mais importantes da história do Grêmio. Se dentro de campo o clube busca conseguir o acesso para a 1ª divisão do futebol brasileiro, fora dele o destaque vai para as mudanças na estrutura política, com as eleições para o Conselho Deliberativo e para presidente.
Um dos candidatos à presidência do Grêmio, Alberto Guerra conversou com a reportagem do Gremistas e explicou suas propostas e sua visão sobre os principais assuntos do clube. Confira a entrevista na íntegra abaixo:
Pergunta: Para o torcedor que está mais distante do contexto político do clube: Quem é Alberto Guerra e o que o motivou a ser um dos candidatos à presidência do Grêmio?
Resposta: “A minha história no Grêmio começou em 1995 como diretor jurídico. Depois, fui vice-presidente jurídico, tive duas passagens como vice-presidente de futebol e duas passagens como diretor de futebol.
Achava que já tinha contribuído com Grêmio, quando infelizmente nós caímos para a 2ª divisão e uma série de movimentos políticos e importantes conselheiros entenderam que eu era a pessoa que poderia liderar a mudança. Por isso, me convidaram a liderar essa frente e isso me honra muito.
Tenho duas importantes características no momento: A juventude e a experiência. Acredito que tenho capacidade de iniciar essa mudança tão necessária.”
Pergunta: A gestão atual do Grêmio conviveu com momentos de glória. Entretanto, hoje a realidade é de 2ª divisão e uma necessidade de reconstrução. Na sua opinião, o que foi determinante para a queda do clube nos últimos anos?
Resposta: “Para um navio do tamanho do Grêmio poder afundar, é uma combinação de erros. Sou daqueles que acreditam que algumas decisões, especialmente de gestão de futebol, foram errôneas há bastante tempo.
A escolha e troca de treinadores, o não aproveitamento da janela, a forma decisória das contratações, seja de jogadores ou de funcionários importantes e a desprofissionalização. Dentro do vestiário do Grêmio, é muito importante ter uma estrutura forte e com profissionais qualificados. Ao longo do tempo, o Grêmio foi desqualificando esta estrutura.”
Pergunta: Qual será sua prioridade, caso eleito, na reconstrução do Grêmio?
Resposta: “A prioridade é sempre o futebol. Tudo o que nós faremos, em todas as áreas, será para que o futebol tenha um melhor rendimento. Marketing, finanças e qualquer profissionalização é pensando no futebol do Grêmio. São áreas de apoio para o objeto principal do clube.
Pergunta: Recentemente, o clube vem sendo muito questionado pelo seu relacionamento com o torcedor, principalmente no que diz respeito a Arena. Existe possibilidade de melhora na experiência do torcedor no estádio, mesmo com a gestão ainda não pertencer ao clube?
Resposta: “Uma das características do final da atual gestão é o distanciamento com o seu torcedor. A gente nunca teve um momento tão ruim da relação entre torcida, clube e direção.
Um dos trabalhos para nos ajudar no futebol é retomar a relação com o torcedor. Isso passa necessariamente por um melhor atendimento nos dias dos jogos. O melhor atendimento passa por uma relação franca e aberta com a Arena.
Acho que se pararmos com esse discurso de compra da Arena, que na minha opinião isso gerou muitos atritos entre Grêmio e a sua parceira, conseguiremos estabelecer um canal de discussão mais qualificado e poderemos exigir uma melhor prestação de serviço. Do contrário, se mantivermos o discurso de comprar a Arena, eles não investirão porque não sabem se estarão aqui amanhã ou depois. Isso engloba número de catracas e melhoras no software e no site de compras de ingressos.”
Pergunta: Você trabalhou com Renato em três oportunidades e possui um relacionamento próximo com o atual técnico gremista. Em outras entrevistas você declarou que, caso eleito, pretende que ele seja o técnico em 2023. Por que?
Resposta: “Eu começo perguntando: Por quê não? O Renato, em todas as vezes que passou pelo Grêmio, foi muito bem.
É até normal que os treinadores mais consagrados não tenham todas boas passagens. Mas o Renato em 2010 saiu da zona de rebaixamento para a Libertadores. Em 2013, foi vice-campeão brasileiro com uma equipe limitada. Em 2016 e 2017 foram os títulos.
Se o final desta última passagem não foi bom, os resultados não mostram isso. Chegou em uma final de Copa do Brasil e em duas semifinais de Libertadores. É um ídolo, conhece muito futebol e traz uma auto-estima ao clube, aos funcionários e à direção, e é um grande amigo que fiz no futebol, tendo em vista que trouxe ele pela primeira vez em 2010. A presença dele pode ser fundamental para respaldar as profundas mudanças que faremos no Grêmio.”
Pergunta: 2023 será um ano muito importante para o time, já que diversos jogadores estão em fim de contrato. Qual será a filosofia de mercado para a montagem do elenco e do aproveitamento das categorias de base?
Resposta: “Temos falado muito sobre uma pluralidade nas cabeças pensantes do vestiário e uma profissionalização. Então, falar agora de jogadores, de quem sai e quem fica é precipitado.
Mas, certamente algumas características nós já temos em mente. O jogador tem que ser bom tecnicamente e comprometido. Essas são características importantes e que sempre pautaram as contratações quando fui vice-presidente de futebol e a grande maioria delas deu retorno.
Essa é a linha. Teremos que ter muita criatividade, pois o caixa será bem apertado no primeiro ano. Mas tenho convicção que as pessoas que assumirão o Grêmio vão gerar algo bastante positivo para que os jogadores e empresários vejam no Grêmio uma grande possibilidade.”
Pergunta: Durante o ciclo vitorioso do clube, o ambiente político foi muito pacífico. Entretanto, o rebaixamento fez reacender os debates e o ambiente “ativo” neste quesito. Como trabalhar para que a política não interfira nas decisões do clube dentro e fora de campo?
Resposta: “Acho que a divergência política é normal e até salutar, dependendo da forma que levada. Temos que evitar a política partidária, porque essa sim traz danos profundos ao Grêmio.
O que vai nos unir será um bom time, títulos e uma direção profissional e que tenha o respeito de todos.”
Pergunta: Um dos jogadores com maior identificação com o torcedor é o zagueiro Kannemann, que tem contrato até o fim deste ano e ainda não foi procurado para tratar da renovação. Você deseja a permanência do jogador, mesmo com o baixo número de jogos neste ano?
Resposta: “A informação que se tem é que a lesão no quadril está superada e agora ele está sofrendo com uma lesão muscular, então não vejo maiores preocupações com o futuro.
O Kannemann tem 31 anos, e se ganharmos, a gente vai falar com ele e seu procurador para tentar a permanência e de uma forma viável para os todos lados.
Tenho dito que se a gente for contratar um atleta que jogue a metade do que ele joga, o custo pode ser muito próximo daquilo que podemos negociar com o Kannemann e ele é nosso ídolo, está adaptado e quer ficar. Não vejo um grande negócio imediato em uma troca, pois este novo tem o risco de não dar certo. O Kannemann aqui, certamente dará a resposta que todos nós conhecemos.”
Pergunta: A gestão do presidente Romildo teve como uma de suas pautas a austeridade financeira. Quais serão os seus pilares para manter o clube sustentável financeiramente?
Resposta: “Entendo que a austeridade financeira é uma obrigação de todo dirigente que atua no Grêmio, mas a nossa prioridade será sempre o futebol.
Ao melhorar as áreas de apoio, como marketing, departamento consular, finanças e saúde, a gente visa dar melhores condições para que o nosso futebol alcance os títulos que nós todos almejamos.”
Pergunta: Por que, na sua visão, você deve ser eleito presidente do Grêmio?
Resposta: “Eu quero e serei o próximo presidente do Grêmio porque acredito no nosso projeto e nas pessoas que estão comigo.
Acredito em mim, na minha experiência, juventude e energia e acho que tenho a capacidade de liderar esse grande grupo em uma mudança que vai ser histórica para o nosso clube.”